
A Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados realizou, nesta terça-feira (12), audiência pública sobre a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM).
O debate atendeu a pedido do deputado Padre João (PT-MG). Segundo o parlamentar, a CFEM é um instrumento essencial para promover alternativas econômicas às populações atingidas pela mineração, reduzindo a dependência dessa atividade, que só se mantém enquanto houver reservas minerais.
Combate à sonegação da CFEM
Deputados presentes na audiência defenderam a estruturação imediata da Agência Nacional de Mineração (ANM) para combater a sonegação da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM). A agência é responsável por regular e fiscalizar o setor minerador no Brasil.
A CFEM é um pagamento obrigatório que as empresas de mineração devem fazer ao governo federal, estados e municípios pela exploração de minerais como ferro e manganês. Um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) de 2024 revelou que a sonegação é um problema grave: quase 70% das empresas não pagaram a CFEM voluntariamente entre 2017 e 2022.
Participaram da audiência pública Raiara Pires, secretária executiva do Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração e Larissa Alves, coordenadora do projeto De Olho na CFEM, também do Comitê.
Falta de Transparência
Durante a audiência pública, diversos debatedores cobraram transparência dos municípios na aplicação dos recursos da CFEM. Segundo Larissa Alves, coordenadora do “Projeto de Olho na CFEM”, organização que monitora o uso dos royalties da mineração, a maioria das prefeituras não discrimina a fonte de recursos da Compensação Financeira nas suas receitas. “Os que discriminam, não tornam esse dado acessível nos portais de transparência”, disse.
Já Raiara Pires, secretária executiva do Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração, destacou a aplicação da CFEM pelos municípios e o mapeamento que o projeto De Olho na CFEM vem fazendo há cinco anos e o quanto não é utilizado para a diversificação econômica, como recomenda a própria Lei.
Acompanhe abaixo as falas de Raiara Pires e Larissa Alves, na íntegra.
Acompanhe a fala de Raiara Pires
Acompanhe a fala de Larissa Alves
Padre João acrescentou que é necessário ampliar a participação popular na gestão dos recursos, garantir transparência no uso da compensação, enfrentar indícios de sonegação por empresas mineradoras e combater a chamada minério-dependência.
“Muito ainda há de ser feito para que a mineração não apenas leve as riquezas minerais e deixe rastros de destruição e pobreza por onde passa”, afirmou.
Para Larissa Alves, “participar da audiência foi um momento importante para mim e para o projeto, pois pudemos apresentar um acúmulo de dados, experiências e reflexões sobre o uso da CFEM, reforçando que ela não é imposto nem compensação socioambiental, mas um recurso pago pelos mineradoras em virtude da exploração de minérios que pertence à União. Além disso, enfatizamos que este royalty deve ser aplicado de forma transparente e responsável”.
E continuou: “Essa participação foi também uma oportunidade de dar mais visibilidade aos nossos objetivos: monitorar, informar e mobilizar a população para acompanhar e influenciar de perto o destino desses royalties. Saí da audiência com a certeza de que precisamos continuar firmes e atentos, fortalecendo a participação social e defendendo que a CFEM seja, de fato, uma ferramenta de desenvolvimento e justiça para os territórios minerados”, concluiu Larissa Alves.
Lançamento folder explicativo: Quer saber por que a CFEM importa?
O folder traz explicações básicas sobre a CFEM: o que é, como funciona, como é distribuída e como pode ser utilizada.
Foi pensando a partir de uma perspectiva de ação cidadã que a Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale (AIAAV), o Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração e a Justiça nos Trilhos produziram um material simples e objetivo sobre o tema.

O folder traz explicações básicas sobre a CFEM: o que é, como funciona, como é distribuída e como pode ser utilizada.
Já os dois QR codes que aparecem no folder trazem duas áudio-novelas curtinhas com os temas “CFEM e as mulheres” e “Lei da CFEM em Itapecuru-Mirim, no Maranhão”.
Acesse o Folder: https://deolhonacfem.org/wp-content/uploads/2025/08/Folder-CFEM.pdf
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Por Kátia Visentainer
Com dados da Agência Câmara de Notícias.